Dia Mundial da Saúde: Um Grito pela Saúde Integral para Todos

O Dia Mundial da Saúde, celebrado anualmente em 7 de abril, é uma oportunidade para refletirmos sobre as muitas vozes que clamam por justiça e dignidade. Podemos escutar a voz de Jesus, que nos diz: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), ou atentarmos aos gritos da humanidade que pede por equidade social, assim como aos gemidos de milhões de enfermos que sofrem e morrem vítimas da fome, das guerras e da negligência. Vivemos em tempos de paradoxos e contradições, onde as leis e os princípios constitucionais nem sempre garantem o direito universal à saúde. A própria definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) — que considera a saúde um estado de bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não apenas a ausência de doenças — está distante da realidade de muitas populações ao redor do mundo.

A desigualdade no acesso à saúde revela um cenário de crescente desumanização, resultado da falta de investimentos efetivos, do enfraquecimento dos valores humanos e de um sistema econômico que perpetua a globalização da indiferença. Desde sua criação, em 1948, a OMS estabeleceu o 7 de abril como um marco para a conscientização e o desenvolvimento de políticas de saúde mais justas. No entanto, os desafios ainda são imensos, exigindo uma ação conjunta para transformar essa realidade. Essa data representa um momento fundamental para conscientizar a população sobre os fatores que influenciam a saúde coletiva e reforçar o conceito de saúde integral. O debate promovido nesse dia destaca as condições essenciais para garantir qualidade de vida a todas as pessoas, independentemente de sua origem ou condição socioeconômica.

Além de informar, o Dia Mundial da Saúde também impulsiona a mobilização social e política, incentivando a criação de políticas públicas e o fortalecimento das estruturas de saúde, visando uma sociedade mais saudável e justa. A cada ano, propõe-se uma temática específica, abordando os desafios e as oportunidades para a melhoria das condições de saúde em nível global. Esse esforço promove ações concretas em três áreas essenciais: prevenção de doenças, investindo na conscientização e em práticas que reduzam a incidência de enfermidades; promoção da saúde, fomentando hábitos saudáveis e sustentáveis para elevar a qualidade de vida; e proteção contra riscos à saúde, garantindo sistemas eficazes para resposta a emergências sanitárias e crises de saúde pública.

Um dos desafios mais urgentes no campo da saúde é a eliminação das desigualdades. O acesso a serviços de saúde de qualidade ainda é profundamente desigual, impactando diretamente as populações mais vulneráveis. A equidade na saúde deve ser uma prioridade global, pois a falta de acesso a tratamentos adequados não apenas reduz a expectativa de vida, mas também impede o desenvolvimento social e econômico das nações. No Brasil, o Dia Mundial da Saúde e o Dia Nacional da Saúde, celebrado em 5 de agosto, são marcos importantes para a conscientização da população sobre práticas saudáveis e prevenção de doenças. Essas datas se consolidaram como momentos de reflexão sobre a importância de políticas públicas eficientes e da responsabilidade individual na construção de uma sociedade mais saudável.

A prevenção, a segurança alimentar e o reconhecimento da saúde mental como parte essencial do bem-estar são elementos fundamentais para uma abordagem mais ampla e eficaz. Em 2018, Dom Roberto Francisco Ferreira Paz, bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde da CNBB, reforçou a necessidade de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a defesa do direito à saúde para todos. “A ideia é chamar a atenção para a importância da saúde universal – garantir que todas as pessoas tenham acesso aos serviços de saúde sem preconceito ou dificuldades financeiras. A Pastoral da Saúde tem o desafio de fortalecer o SUS e manter vivo o sonho do movimento sanitarista, exigindo e promovendo a saúde integral como um direito do cidadão e um dever do Estado”, destacou Dom Roberto.

A pandemia de COVID-19 nos deixou lições dolorosas sobre as fragilidades dos sistemas de saúde e a necessidade de um compromisso coletivo para garantir a vida digna para todos. Não podemos esquecer as dificuldades enfrentadas e as vidas perdidas, nem permitir retrocessos nos direitos básicos de acesso à saúde. A recente saída dos Estados Unidos da OMS e a resistência de alguns grupos em aceitar a ciência e as vacinas são sinais de que ainda há muitos desafios a serem superados. A luta por um sistema de saúde público eficiente e acessível exige uma reflexão contínua e ações concretas, para que possamos construir um mundo mais justo, onde saúde, justiça e paz sejam uma realidade para todos.

Pe. Gilmar Antônio Aguiar, MI
Assessor Eclesiástico da PSN

Imagem: gerado por ChatGPT em 2/3/2025.

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