Pastoral da Saúde: Fé e Solidariedade diante da Pobreza

A pobreza tem muitos rostos e dimensões, transcendendo a mera ausência de bens materiais. Ela se manifesta em formas diversas, como exclusão social, dificuldade de acesso a serviços básicos – educação, saúde e habitação –, falta de oportunidades e, em muitos casos, ausência de dignidade e reconhecimento.

Durante esta semana, a Pastoral da Saúde esteve presente com renovado ardor missionário, testemunhando Cristo através da comunhão fraterna e da opção preferencial pelos pobres, enfermos e sofredores. A abertura da Jornada Mundial dos Pobres em nossa Arquidiocese ocorreu em um local de grande significado: o Manguezal, próximo à Ponte Limoeiro, no bairro de Santo Antônio. Este lugar, marcado por contrastes sociais evidentes, foi palco de uma profunda reflexão conduzida pelo Arcebispo Dom Paulo Jackson: “Com quem Jesus gastava o seu tempo?”

Como discípulos missionários da saúde, somos convidados a questionar a realidade da saúde e da doença à luz da fé e da pessoa de Jesus. Essa reflexão nos desperta para a desumanização social que ainda persiste em nossa sociedade. A expressão “exclusão social”, cunhada na França na década de 1970, nos lembra que estar excluído significa viver em vulnerabilidade. Enfrentar a pobreza exige mais do que a provisão de recursos materiais; é essencial promover solidariedade, inclusão, justiça social e oportunidades para aqueles que vivem nas margens existenciais e geográficas de nossas comunidades.

Entre os dias 10 e 17 de novembro, a Arquidiocese de Olinda e Recife, em conjunto com suas Pastorais Sociais, reforçou seu compromisso em garantir dignidade humana e acesso irrestrito à saúde, educação e direitos fundamentais. Diversos locais foram impactados pelas ações dessa jornada, incluindo a Praça do Carmo, em Olinda; a Sede da Pastoral do Povo de Rua, no Recife; a Igreja das Fronteiras; o Abrigo de Idosas Imaculada Conceição; o Hospital Geral da Mirueira, antigo Hospital dos Leprosos; a Comunidade Santa Dulce, em Jardim Jordão; e a Casa do Pão, obra deixada pelo Congresso Eucarístico. Essas iniciativas refletiram o tema da VIII Jornada Mundial dos Pobres: “A oração do pobre eleva-se até Deus” (Eclo 21,5).

O Papa Francisco, em seu ministério, tem se desdobrado para abrir os olhos de todos à realidade das dores do próximo. Ele nos desafia a sentir a dor de nossos irmãos e a responder ao grito dos pobres e desfavorecidos. Como ele nos lembra, “os pobres nos ajudam a redescobrir a bondade fundamental da criação e a nossa vocação comum à fraternidade” (FT, 69).

A Pastoral da Saúde destaca a importância de estarmos atentos às realidades que nos cercam, inspirados pelo exemplo do Papa Francisco, assumindo um compromisso cada vez mais profundo com os necessitados. Que possamos partilhar o amor cristão com nossos irmãos em dificuldade, reafirmando nossa missão de fraternidade e solidariedade.

André Pacheco
Agente Formador da Pastoral da Saúde
Vice-coordenador da Pastoral da Saúde da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Boa Viagem.

* imagem: freepik.com

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