Primeiramente, manifestamos o nosso agradecimento e apoio às diversas instituições e pessoas que não estão medindo esforços em colaborar no acolhimento, integração local e interiorização de imigrantes em situação de vulnerabilidade. Ficamos encantados ao acompanhar relatos de solidariedade, frutos de ações promovidas principalmente por voluntários e voluntárias que se sensibilizaram com o sofrimento de famílias inteiras e de pessoas que buscam em nosso país um sinal de esperança e de futuro para suas vidas.
Também manifestamos nossa discordância quanto às manifestações xenofóbicas que, infelizmente, vêm se intensificando a cada dia nas cidades de nosso estado e na internet, por meio de aplicativos e redes sociais. É preocupante que, diante de uma situação de emergência e de fragilidade extrema, pessoas e grupos fomentem e promovam o ódio aos imigrantes e àqueles e àquelas que se dispõem a ajudá-los em sua luta diária pela sobrevivência. Desejamos que tais manifestações não venham intimidar os grupos e pessoas que, voluntariamente, estão colaborando para minimizar as dificuldades pelas quais estão passando os imigrantes que chegam ao nosso país. O tempo é favorável para que vivamos o que a Campanha da Fraternidade da CNBB deste ano nos propõe: “Vós sois todos irmãos (Mt 23, 8)”.
Por último, reivindicamos, veementemente, respostas integradas e ações coordenadas das três esferas governamentais (federal, estadual e municipais) para a situação imigratória em Roraima. A omissão do Estado diante da grave situação em que milhares de pessoas se encontram, por meio do não atendimento das suas necessidades básicas como alimentação, abrigo, medicamentos e segurança, não pode mais continuar. A notável ausência de iniciativas humanitárias eficientes e coesas, por parte dos poderes públicos e a desarticulação entre si, não podem mais alimentar um ambiente de incerteza e medo na sociedade local, que, consequentemente, contribui para o surgimento de comportamentos xenofóbicos e de incitação à violência.
Nos juntamos às diversas representações da sociedade civil que, em notas anteriores, já manifestaram-se diante da realidade apresentada em nosso estado. Reforçamos o desejo de que todos os imigrantes sejam tratados com dignidade e que seus direitos sejam respeitados. E que, como nos lembra o papa Francisco, “cada forasteiro que bate à nossa porta [seja uma] ocasião de encontro com Jesus Cristo, que Se identifica com o forasteiro acolhido ou rejeitado de cada época (cf. Mt 25, 35.43)”.
Boa Vista, 23 de março de 2018.
Dom Mário Antônio da Silva (Bispo Diocesano de Roraima)
Foto: Felipe Larozza/REPAM-Brasil
Entidades que assinam:
Fonte: http://diocesederoraima.org.br/index.php/2018/03/23/nota-da-diocese-de-roraima-e-de-representantes-da-sociedade-civil-sobre-a-situacao-imigratoria-no-estado/