O último domingo de janeiro é dedicado ao Dia Nacional e Mundial de Enfrentamento à Hanseníase. A data foi criada para mobilizar a sociedade em torno da doença que, ainda é um problema de saúde pública no Brasil.
Diversas ações de conscientização são realizadas pelo país e marcam a campanha do JANEIRO ROXO, no qual chama-se atenção da população para os sinais e sintomas, o tratamento e a importância do diagnóstico precoce da doença a fim de evitar deficiências físicas e consequentemente sequelas graves.
O que é Hanseníase?
A Hanseníase é uma das doenças mais antigas que atinge o homem, citada inclusive pela Bíblia, sob a denominação de Lepra.
Em 1976, o termo hanseníase substituiu oficialmente a denominação “lepra” no Brasil, como uma forma de minimizar o estigma e propiciar sua integração à sociedade.
É uma doença infectocontagiosa, neurológica, que atinge principalmente a pele e os nervos periféricos da face, mãos e pés. É causada pela bactéria Mycobacterium leprae, em que os sinais e sintomas são:
Manchas no corpo com alteração de sensibilidade. As manchas podem ser esbranquiçadas, acastanhadas ou amarronzadas;
Sensação de choque, fisgadas, agulhadas ou formigamento principalmente em braços/pernas/mãos ou pés;
Caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos;
As lesões neurológicas se manifestam principalmente em mãos e pés e se caracterizam como os principais fatores para o estigma e práticas discriminatórias.
Tratamento
A hanseníase tem cura e o tratamento é nas Unidades de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento interrompe a transmissão e previne incapacidades físicas.
Lembretes….
- A pessoa em tratamento não transmite a doença;
- Não é necessário separar objetos das pessoas que estão tratando;
- Para ficar curado é preciso fazer o tratamento completo que dura 6 meses para a hanseníase paucibacilar e 12 meses para hanseníase multibacilar;
- A pessoa que está em tratamento pode levar uma vida normal em sua família, no trabalho, na escola e na sociedade;
- Quem reside ou residiu com a pessoa que fez ou está em tratamento de hanseníase precisa ir até a unidade de saúde para ser examinado;
ATENÇÃO: Caso suspeite que está com a doença, procure a unidade de saúde mais próxima de sua casa.
Contatos de pessoas que trataram ou estão em tratamento
Todos os contatos devem ser examinados. Os contatos são a população alvo para o diagnóstico precoce e se define como “toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não”.
Não estigma, Não discriminação!
O desconhecimento sobre as formas de transmissão e sobre a existência da cura, além das sequelas físicas decorrentes da doença reforçam o estigma e a discriminação, por isso a pessoa muitas vezes é excluída do seu meio (família, amigos, trabalho, escola, outros).
Registre na ouvidoria do SUS práticas discriminatórias. Disque 136
Cenário Epidemiológico da hanseníase no Brasil (dados de 2022)
No Brasil em 2022 foram diagnosticados 19.635 casos novos e destes 11% tiveram deficiência física. Do total de casos novos, 836 casos (4%) foram em menores de 15 anos.
A ocorrência de hanseníase em menores de 15 anos representa um importante indicador epidemiológico que reflete a expansão e a gravidade da doença. Além disso, esse indicador aponta, também alta endemicidade, exposição precoce, alta transmissibilidade e ações insuficientes de controle (Silva Andrade et al, 2022).
A recomendação é que todo menor de 15 anos que for diagnosticado com hanseníase a equipe de saúde deverá examinar todos da família que moram ou moraram com menor para identificar o caso índice e tratar visando interromper a cadeia de transmissão.
Texto e imagem: AGEVISA – Agência Estadual de Vigilância em Saúde – RO