A Palavra de Deus comunica vida e esperança

A Pastoral da Saúde é atenta e aberta às aspirações da Palavra de Deus, pois é o próprio Deus quem Se comunica por meio dela. Na plenitude dos tempos, a Palavra revelou-se na pessoa de Cristo, o Verbo divino, a Palavra encarnada:

“O que era desde o princípio, aquele que contemplamos e nossas mãos tocaram, o Verbo da Vida que estava junto do Pai, nós vos anunciamos” (1Jo 1,1-3).

A Palavra de Deus encarnou-se na condição humana e está no meio de nós, o povo de Deus, para iluminar e revelar caminhos de vida e esperança. Sabendo que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, aquele que nos leva ao Pai, celebramos, anualmente no Brasil, o mês de setembro como o Mês da Bíblia (cf. Jo 14,6).


Durante este mês, somos chamados a refletir sobre a Palavra de Deus na vida do povo, que, a exemplo de Moisés, Miriam e Aarão, deixou-se conduzir pela Palavra de Deus e tornou-se instrumento de libertação em prol dos oprimidos (cf. Ex 15 a 18). A Palavra de Deus tem força, solidez, resistência, liberdade e unidade (cf. Ex 12; 20,1-2), e constitui o povo como assembleia de Deus, povo sacerdotal e pascal (cf. Ex 12; At 1-2), como sacerdócio real, nação santa, povo de sua particular propriedade (cf. Ex 19,5-6; 1Pd 2,9).


A Palavra divina sempre inspira uma resposta. Ao longo da história, muitas pessoas ouviram o apelo de Deus, seguiram sua Palavra e colocaram-se a serviço do seu Reino. Vemos, por exemplo, o profeta Jeremias, que se deixou envolver pelo Senhor e por sua Palavra, tornando-se instrumento profético para “plantar e construir” (Jr 1,10), edificando, assim, um caminho novo de justiça, amor e solidariedade. A Palavra de é “viva, eficaz e mais cortante que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4,12), pois, ao entrar profundamente no coração, transforma radicalmente a vida do ser humano.


A vida do ser humano é transformada pela força renovadora da Palavra de Deus. Ela é como a chuva que, descendo do céu, não retorna sem antes ter irrigado a terra, fecundado a semente e realizado a sua missão (cf. Is 55,10-11). Desse modo,

“a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como também o Corpo do Senhor; sobretudo na Sagrada Liturgia, nunca deixou de distribuir aos fiéis, da mesa tanto da palavra de Deus como do Corpo de Cristo, o pão da vida. […] Nos Livros Sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro dos seus filhos para conversar com eles” (DV n. 21).


Em Cristo Jesus, proclamou-se a Boa-Nova do Reino, resgatando a dignidade das pessoas excluídas da vida plena e digna. Ele – Jesus Cristo – “amou os seus até o fim” (Jo 13,1), entregando a vida pela salvação de toda a humanidade. A força da vida nova, que brota de sua vitória sobre a morte, pela ressurreição, iluminou o caminho de muitos discípulos e discípulas, como Paulo. Esse grande Apóstolo das gentes afirmava: “Para mim o viver é Cristo” (Fl 1,21), dedicando sua vida à evangelização sem fronteiras.


Evangelizar é preciso! Consciente de sua missão evangelizadora, a Igreja, em 2025, apresenta para reflexão a Carta de São Paulo aos Romanos, tendo como lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Conforme o site da CNBB,

“o versículo em destaque, Rm 5,5, apresenta a dinâmica da vida cristã: ‘A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo’. Paulo ensina que as tribulações geram perseverança, a perseverança produz experiência, e a experiência fortalece a esperança”.

Logo, a vida cristã encontra seu sentidonas virtudes teologais: fé, esperança e caridade (cf. 1Cor 13).


A abertura do Mês da Bíblia será no domingo, 31 de agosto, com Missa no Santuário Nacional de Aparecida (SP). Desse modo, peçamos ao Senhor para que muitos cristãos e agentes de pastorais se empenhem, de verdade, no serviço do Evangelho, atentos à Palavra de Deus, ouvindo o clamor do povo que sofre, mas que confia na providência divina e em gestos fraternos e edificantes.

Por isso, comprometidos com o projeto libertador de Deus, nos tornaremos profetas da esperança, construtores de um mundo mais justo, fraterno e solidário. Na vivência sinodal, a Igreja não é somente o povo da Palavra de Deus, mas sabe que assumiu também o compromisso de viver esta Palavra, ressignificando a história e a realidade em Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, e confirmando sua fidelidade à Palavra: “Se me amais, observareis meus mandamentos” (Jo 14,15).


[Pe. Gilmar Antônio Aguiar, MI, Assessor Eclesiástico da PSN]

Imagem criada com ChatGPT – 13/09/2025

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