Aconteceu de 31/07 a 03/08 o Fórum Nacional da Pastorais Sociais, Organismos e Setor Mobilidade Humana que integram a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O encontro contou com as presenças de coordenações nacionais, articulações dos fóruns regionais de pastoral social, bispos referenciais e assessores.
O objetivo da atividade foi refletir sobre o momento sócio-político e eclesial; partilhar e avaliar a caminhada das articulações regionais e coordenações das pastorais sociais e rever, à luz do documento sobre “Considerações Éticas sobre Economia e Finanças”, os desafios pastorais atuais.
No primeiro dia o Francisco Botelho, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, e dom Reginaldo Andrietta, bispo da diocese de Jales e referencial da Pastoral Operaria, abordaram, a partir da escuta dos participantes, uma análise da realidade política, social, economia e eclesial. No campo político-econômico-social, o assessor destacou o cenário de retiradas de direitos, retorno e aumento de situações de fome no Brasil, de modo especial no Nordeste. “Todo esse contexto não é isolado de uma realidade que acontece no mundo, no campo da política e da economia, com o capital financeiro”, disse.
Dom Reginaldo Andrietta destacou a nota da CNBB sobre as Eleições de 2018 que trata da carência de políticas públicas consistentes: “raiz de graves questões sociais, como o aumento do desemprego e da violência que, no campo e na cidade, vitima milhares de pessoas, sobretudo, mulheres, pobres, jovens, negros e indígenas” (…) “perda de direitos e de conquistas sociais”.
O bispo reforçou que o Papa Francisco diz em sua Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, que as pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o mundano e comunista, cometem erros nocivos. Nessa exortação, ao enfatizar a importância da defesa da vida do nascituro ele dá igual importância à vida dos pobres. Estes, segundo o papa, já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, na enfermidade e nas novas formas de escravatura.
O bispo de Jales (SP) e referencial da PO Nacional ressaltou que: “a Igreja tem, portanto, o desafio de desenvolver sua prática pastoral, entendendo que libertação e humanização são intrínsecas à evangelização. Se “é para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1), nossas ações devem ser emancipadoras, ou seja, ajudar as pessoas a pensarem e agirem por elas mesmas, construindo de forma coletiva e participativa um projeto de sociedade na qual todos vivam em Cristo, como novas criaturas”.
O Economista Guilherme Delgado destacou o preocupante lucro dos bancos enquanto o países vivem em crise econômica e desemprego. Sobre esse tema abordou as declarações de papa Francisco sobre o atual sistema econômico e financeiro a partir do documento o dinheiro deve servir, não governar. As articulações das Pastorais Sociais dos regionais também partilharam seus desafios e avanços. Muito regionais da CNBB estão iniciando uma articulação das pastorais sociais recentemente.
6ª Semana Social Brasileira – No segundo dia, os participantes deram suas opiniões sobre o processo da 6ª Semana Social Brasileira, a partir das perguntas: Qual a opinião do Regional a respeito de uma 6ª Semana Social Brasileira? Quais as motivações para a realização da 6ª Semana Social Brasileira? Qual deveria ser o período e duração de sua realização (ano de início e término)? Qual deveria ser o tema a nortear a 6ª Semana Social Brasileira? Qual a melhor metodologia a ser usada? Que frutos esperamos?
Para além dessa contribuição, os regionais da CNBB devem responder essas perguntas com suas pastorais e bispos para que, após sistematização, sejam apresentadas ao Conselho Permanente e posteriormente submetidas à votação na 57ª Assembleia da CNBB em 2019. Além pastorais, a 6ª SSB também envolve organizações da sociedade civil, de modo especial os movimentos sociais que atuam em parcerias com as Pastorais Sociais, universidades e outros setores da sociedade.
Foi apreciado novamente o Plano Trienal da Comissão, com destaque para os seminários de incidência política que estão acontecendo em alguns regionais da CNBB. Os regionais que já realizaram os seminários partilharam as experiências vividas e desdobramentos nas bases.
Foi destaque no encontro também o processo de preparação ao Sínodo dos bispos para a Amazônia, em 2019, a partir das ações realizadas pela Repam. Um grande de desafio, a partir da apresentação da Repam, é o de envolver outras regiões brasileiras que não integram o território amazônico, como Sul, Sudeste, Nordeste, neste processo. O fórum produziu, ao longo da atividade, duas mensagens: a) Um carta do Fórum sobre o momento e conjuntura atual; b) e uma nota de solidariedade à Igreja em Roraima e de repúdio à intolerância e à xenofobia.
Documentos:
Nota de Solidariedade à Igreja de Roraima