Por Rawy Chagas Ramos¹
Desde 2015, a campanha Setembro Amarelo tem desempenhado um papel crucial na conscientização sobre a prevenção ao suicídio. Este é um tema delicado e essencial, que ainda enfrenta muitos tabus e estigmas que precisam ser desconstruídos. Contrariando a crença de que falar sobre o assunto pode estimular o ato, o diálogo aberto e responsável é, na verdade, uma das principais ferramentas de prevenção.
Como professor no CETEP/RJ, psicanalista clínico na Clínica Me Maria das Neves e capelão hospitalar, acredito ser fundamental abordar essa questão sob a ótica da psicanálise. Esta disciplina oferece uma compreensão profunda dos processos inconscientes que podem levar uma pessoa ao desespero e, em casos extremos, ao suicídio, que na psicanálise é visto como um sintoma de uma problemática maior. Quando alguém tira a própria vida, qual parte de si está realmente sendo “eliminada”?
O Setembro Amarelo é um chamado para que profissionais de saúde mental, a sociedade civil e comunidades eclesiais se unam na luta contra o suicídio. É necessário desmistificar o tema, promover o diálogo e, acima de tudo, oferecer suporte àqueles que estão sofrendo. A psicanálise defende o poder transformador da palavra; ao dar voz ao sofrimento, podemos impedir que ele se transforme em um ato irreversível.
Além disso, a psicanálise enfatiza a importância do vínculo terapêutico. Um dos maiores desafios na prevenção ao suicídio é ajudar a pessoa a reconstruir laços afetivos e a encontrar novas maneiras de se relacionar com o mundo e consigo mesma. Acolher a dor do paciente e proporcionar uma escuta empática pode restaurar a esperança e o desejo de viver.
As estratégias de intervenção no contexto do Setembro Amarelo devem abranger diversos aspectos, incluindo a identificação de sinais de alerta, a criação de ambientes seguros e acolhedores, a capacitação de profissionais de saúde e a disponibilização de recursos de apoio emocional e psicológico. É essencial investir em programas de prevenção que reduzam o estigma em torno do suicídio e ofereçam suporte a indivíduos em situação de vulnerabilidade. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde mental, assistentes sociais, educadores e líderes comunitários, é vital para o sucesso dessas estratégias.
A campanha Setembro Amarelo não apenas conscientiza, mas salva vidas, lembrando-nos de que ninguém deve enfrentar a dor sozinho. A prevenção ao suicídio é uma responsabilidade coletiva, e a psicanálise tem um papel vital nesse processo, oferecendo caminhos para a cura e a ressignificação do sofrimento.
Confira no vídeo abaixo, mais informações com o Padre Rhawi, sobre este assunto:
¹ Graduado em Teologia pela Escola Teológica Beneditina do Brasil e pela Faculdade Dehoniana; pós-graduado em Ensino Superior pela FMU; pós-graduado em Docência e Gestão da Educação à Distância pela Faculdade Focus; pós-graduado em Aconselhamento e Psicologia Pastoral pela Faculdade Serra Geral; pós-graduado em Docência em Teologia pela Faculdade Dom Alberto do grupo Faveni; Mestre em Direito Canônico pelo Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro agregado a Pontifícia Gregoriana de Roma. Psicanalista Clínico pelo Instituto de Estudo e Desenvolvimento Humano Superah (Matr. 1703-10/2023). Formação Psicanalítico no CETEP (Centro de Estudos de Terapia e Psicanálise). Terapeuta Holístico pelo Instituto Brasileiro de Terapia Holística IBRTH. Parapsicólogo pelo Centro Latino-Americano de Parapsicologia – CLAP. Conselho Internacional de Psicanálise e Terapia Integrativas – CONIPTI (Nº R. PF- 0165-10-2023-BR). Mestrando na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) no programa de pós-graduação em Filosofia (Ética e Filosofia Política) e Capelão (padre) católico hospitalar (Hospital Federal de Bonsucesso/RJ).
Referência Bibliográfica
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PACHECO, Márcio de Lima et RAMOS, Rawy Chagas. Depressão e Suicídio entre os Padres da Igreja Católica: A Saúde dos Sacerdotes é Responsabilidade da Igreja.
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